domingo, 26 de maio de 2013

Resenha - Little Fears: Pesadelo

Estudos da arte de capa para a edição brasileira!
Fala galera!
Já não é mais novidade para ninguém que a nossa querida Retropunk liberou no último dia 06 de maio o financiamento coletivo para o jogo Little Fears: Pesadelo.
Neste post eu farei a resenha deste livro excelente criado por Jason L Blair e mostrarei o porquê do projeto merecer ser apoiado e financiado por vocês. Aproveitem a leitura e espero que gostem da resenha.

Classificado como um jogo de Horror Infantil, o livro é composto por uma introdução, intitulada Sonhando acordado e mais seis capítulos, onde nos são apresentados todos os elementos necessários para se jogar Little Fears: Pesadelo.
A introdução começa com o conto: Sonhando Acordado, que dá nome ao capítulo. Após este conto, é apresentado um panorama geral dos capítulos que virão a seguir. Também são explicados alguns elementos básicos do jogo.
A introdução termina com o autor explicando algumas diferenças básicas desta edição para o jogo Little Fears original, que aborda o mesmo tema, porém com uma pegada diferente.

No Capítulo Um - É como um jogo, são detalhadas as regras do jogo. Quase tudo que á preciso saber a respeito das regras se encontra neste capítulo, que é dividido em sete partes.
Na Parte Um: Conceitos Básicos, o livro apresenta seus fundamentos, explicando o que é um jogo de contar histórias, o que é necessário para se jogar, quem é quem na mesa de jogo e etc.
A Parte Dois: Ambientando o Jogo, mostra como é feita a preparação antes do jogo começar, explicando também o que é necessário para os jogadores e o mestre (conhecido aqui como Moderador do Jogo ou MJ) para jogar.
A Parte Três: Cenas e Rodadas, descreve as estruturas de cenas, rodadas e turno.
Na Parte Quatro: O Coração do Sistema, começamos a ver as regras propriamente ditas. Nesta parte, são abordados vários assuntos, como os tipos de conflitos, que utilizam somente os dados de seis lados “d6” para rolagem e são divididos em três partes: Problemas (rolagens simples), Testes (rolagens disputadas) e Provas (rolagens prolongadas). Aqui também somos apresentados às Habilidades dos personagens, divididas entre Agilidade, Briga, Raciocínio, Carisma e Empatia. O próximo assunto tratado nesta parte são as Qualidades, que são adicionadas às Habilidades durante as rolagens. No restante desta parte, é falado das demais mecânicas e elementos do jogo, como os Traços Bons e Traços Ruins, que auxiliam ou atrapalham nas rolagens, graus de falha e graus de sucesso, números-alvo para rolagens e demais regras complementares.
A Parte Cinco: Lutando, trás todas as regras de combate envolvendo lutas entre as crianças, entre crianças e monstros e etc. São tratadas também regras para o combate envolvendo várias pessoas, de uma forma muito clara e agilizada.
A Parte Seis: Saúde e Dano, traz de forma arrojada este assunto, resolvendo-o de forma bastante clara. Aqui são descritas regras para danos e recuperação, bem como os níveis de saúde e modificadores de dano. Também são tratados os diferentes tipos de dano.
Por fim, a Parte Sete: Virtudes das Crianças, são tratadas as características especiais dos personagens, como a Inocência, que atribui às crianças feitos poderosos decorrentes da crença inabalável dos pequeninos acerca de vários aspectos. Nesta parte também são apresentadas regras para construção de rituais baseados em crenças infantis, muitas delas surgidas através de histórias contadas ao redor de fogueiras ou pelos pais à beira da cama antes de dormir. Outro assunto tratado aqui, é a Verificação de Medo, bem como suas regras e os meios de utilizá-las em jogo. O último assunto tratado neste capítulo é sobre o espírito das crianças, bem como suas regras, que afetam o comportamento dos personagens e vários outros aspectos do jogo.

O Capítulo Dois: sendo Criança Novamente, dividido em seis partes, se dedica a criação de personagens para o jogo, bem como várias dicas de interpretação para personagens crianças entre 6 e 12 anos em um jogo de horror infantil.
A Parte Um: Segunda Infância, fala sobre a interpretação de personagens crianças, imergindo o leitor com uma avalanche de dicas para o melhor desenvolvimento do personagem dentro do jogo. Nesta parte, o autor dá várias dicas de filmes para uma melhor compreensão da proposta do jogo, e também como meio de inspiração para as aventuras. Os  filmes citados nesta parte, são  clássicos como Os Goonies, Deu a Louca Nos Monstros e O Exorcista, além de Filha da Luz e O Anjo Malvado, que fornecem uma ampla variedade de protagonistas na faixa etária deste jogo. O autor fala também de filmes mais recentes, como As Crônicas de Spiderwick, Desventuras em Série, As Crônicas de Nárnia,A Casa Monstro, Zathura – Uma Aventura Espacial e O Mensageiro, como ótimas fontes de inspiração. Outros exemplos também são tratados no decorrer da Parte Um.
A Parte Dois: Crianças como Personagem, aborda a criação dos personagens em si, começando pelo conceito básico do personagem, que é uma palavra ou expressão que melhor defina a criança. Logo em diante, é falado sobre conceitos básicos, como nome, idade, sexo e etc, partindo em seguida para as Habilidades, que são explicadas uma a uma, tendo seus pontos para distribuir de acordo com a idade do personagem. Por último, são apresentados os traços bons e os traços ruins.
A Parte Três: O Que Temo no Íntimo é o Que Importa, trata das virtudes dos personagens, começando pela Inocência, refletindo a perda de inocência conforme a idade avança e a realidade toda conta das mentes dos personagens, quanto maior a idade, menor é a Inocência. A próxima virtude abordada é o Equilíbrio do personagem, que reflete o estado mental da criança diante dos horrores encontrados no mundo de Little Fears: Pesadelo. Por fim, é tratado do Espírito da criança, cuja pontuação começa no máximo e tende a cais no decorrer das sessões de jogo.
Na Parte Quatro: Nenhuma Criança é de Todo Ruim, trata das Qualidades positivas e negativas, com várias listas de exemplos. Esta parte trata também dos pontos de saúde iniciais que o personagem possui.
A Parte Cinco: Os Objetos de Proteção traz regras completas para inserir características especiais em objetos, de acordo com a Inocência do personagem. Estas regras refletem a crença das crianças em objetos especiais que elas carregam e protegem.
Por fim, a Parte Seis: Fale-me Sobre Você termina de fechar a ficha de personagem com a criação de um histórico para a criança, enriquecendo o personagem e gerando vários ganchos narrativos.

O Capítulo Três: Alguém me Observando é dedicado ao Moderador do Jogo (MJ). Este capítulo é dividido em sete partes e se trata se um guia muito completo para aquele que deseja de aventurar como moderador do jogo e conduzir aventuras fascinantes com este jogo.
Capa da edição original!
Ao longo do capítulo, o autor orienta o mestre com várias técnicas narrativas e de construção de diferentes tipos de cenas e cenários. Aqui também tem um guia para criação de PM (Personagens do Moderador) e regras para pontos de experiência. A leitura deste capítulo é direcionada para o mestre, contudo, todos jogador de rpg deveria lê-lo a título de instrução, dada sua excelente qualidade.

O Capítulo Quatro: Um Mundo Vasto Lá Fora, dividido em três partes é uma ambientação de Little Fears: Pesadelo no mundo real, visto pelos olhos das crianças. Este capítulo representa uma avalanche de ideias e inspirações para crônicas. Ele retrata de maneira muito rica o cotidiano de uma criança, mostrando sempre possibilidades de aventuras envolvendo o dia a dia. Ao longo do capítulo, são apresentados vários elementos simples capazes de gerar conflitos muito interessantes. Aqui são descritos ambientes como a sala de aula de vários tipos de escolas diferentes, atividades extra-curriculares, férias de verão, dias de neve e vários outros. Neste capítulo também são apresentados alguns personagens do moderador que podem ser usados em aventuras, bem como vários objetos “encantados” com a Inocência das crianças, que podem ser encontrados no mundo real.

No Capítulo Cinco: Atrás da Porta, é descrito o mundo de Little Fears: Pesadelo. A Armariolândia, o mundo dos monstros.
“...A Armariolândia situa-se junto ao mundo real como uma criança inquieta que encosta-se aos pais na igreja. Não se pode evitar, mudar, mover e agitar sua estrutura. Nascido de nosso próprio medo, a Armariolândia é eternamente ligada ao nosso mundo. Subjugado algumas vezes e dominante em outras. 
Mas os mundos em questão não são de nosso interesse. Não, este jogo é sobre as coisas que vivem nesse mundo: as crianças do mundo real e os monstros da Armariolândia. Se os dois nunca se cruzarem, poderia haver muito suspense, mas não seria significativo. Monstros entram no nosso mundo, e crianças entram na Armariolândia de várias maneiras...”
Este excelente capítulo dividido em oito partes nos apresenta de forma muito bem detalhada e de leitura bastante agradável, tudo sobre a Armariolândia. O capítulo abrange as diversas formas como os monstros passam da Armariolândia para o nosso mundo. Abrange também as formas das crianças acessarem o mundo dos monstros, dando liberdade aos jogadores para bolarem maneiras criativas de adentrarem lá. Depois disso, é falado sobre maneiras de retornar ao mundo real, cuja dificuldade é muito maior.
Logo em seguida é retratada a aparência da Armariolândia, em seus vários cenários horripilantes. Suas semelhanças e diferenças com o nosso mundo. Adiante, o capítulo mostra alguns lugares assustadores encontrados no mundo dos monstros, como A Casa da Bonecas, A Sala do Diretor, O Parquinho e diversos outros lugares, acompanhados de personagens do moderador igualmente assustadores. Aqui também é descrita, com riqueza de detalhes, A Sala do Pássaro Negro, conhecido com o lugar mais aterrorizante da Armariolândia. O autor descreve o lugar por completo, com um capricho muito grande, enriquecendo ainda mais o cenário, com formas de encontrá-lo, lugares e Personagens do moderador que a habitam.
Por fim, o capítulo apresenta regras claras e completas para a criação de monstros no mundo de Little Fears: Pesadelo, com o passo a passo de todos os pontos da criação destas criaturas que podem ser tão horríveis quanto a criatividade de quem o cria. O capítulo termina com uma lista de exemplos de monstros criados.

O Capítulo Seis: Histórias Assustadoras, fecha os capítulos do livro com uma ótima ferramenta para auxiliar o moderador com a criação de aventuras. O capítulo disponibiliza várias fichas prontas de personagens e nos apresenta uma um cenário (As Casas do Pátio da Maça) pronto para jogar. Por fim, o capítulo deixa várias ideias para aventuras.

Nos apêndices do livro, estão as planilhas de Episódio, de Personagem do Moderador, de Monstro e de Personagem.

Então galera, depois de apresentada minha resenha deste livro FODA, se você ainda estiver pensando em não financiar o livro, pense duas vezes e corra para colaborar com este projeto até o dia 15/06/2013 e fazê-lo acontecer no Brasil.
É um jogo excelente e vale muito a pena ser adquirido. Com certeza mais uma ótima sacada da Retropunk e será mais uma bela aquisição para nossas coleções.
Espero que tenham gostado. Um grande abraços a todos e até a próxima.

7 comentários:

  1. Então. Sou fã da Retropunk, e faço questão de participar de todos os financiamentos, mas uma coisa me incomoda em relação ao Little Fears nacional, que é um jogo extraordinário. Acho que o direcionamento da divulgação, a abordagem feita pela Retropunk não está sendo interessante. A imagem que passa do jogo é que é um jogo bastante infantil de crianças contra o bicho papão e o monstro do armário. Quando na verdade, é um jogo bastante pesado, algo como um Grimm Alice no País de Lovecraft. Tudo que leio da Retropunk em relação ao jogo é:"O Lobo Mal está a solta..." e frases que vendem o livro como inocente demais. Acho que é por isso que o financiamento não está atraindo tanta gente e ainda não foi concretizado. Se a Retropunk mudar a abordagem, acredito em uma concretização rápida do projeto.

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    1. Eu concordo com você. Pelo menos em partes!
      Mas creio que Little Fears: Pesadelo pode ser tão sinistro e assustador quanto o grupo desejar!
      E é possível também fazer algo mais leve com a temática, talvez como uma forma de atrair jogadores que não gostam tanto assim de sentir tanto medo.
      O fato é que sempre é muito bom brincar com os medos das crianças!
      Continue apoiando a RP que este título é maravilhoso!
      Quando ao sucesso ou não do financiamento, eu creio que apesar de não estar tão bem, ele vai sim ser financiado. Mas é difícil compará-lo com o Savage Worlds por exemplo, que foi sucesso absoluto da RP!
      De qualquer forma, muito obrigado por ter lido e vamos torcer para que o projeto seja financiado!

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    2. A verdade é que o Savage Worls tinha muito mais o que explorar por ser genérico. O Little Fears é mais fechado. Mas acho que tem inicio do mês ai e a meta bate. Em relação ao clima, eu achei ele bem aveturesco.

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  2. Opa Lipídios, eu entendo o que vc aponta e estamos trabalhando para mostrar Little Fears de uma forma mais concreta (com um preview da introdução do livro), porém, na nossa visão, a versão pesadelo tem uma abordagem mais leve, diferente da versão original (não sei qual das duas vc está usando como base).

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    1. Eu não conheço a versão original do Little Fears, mas quando eu li o livro, imaginei aventuras nostalgicas, que remetem mesmo nosso tempo de criança. Nossos medos de um mundo vasto e desconhecido. O medo vem daí! Creio que esta versão mais "leve", assim como as novas versões dos livros do mundo das trevas não irá retirar o medo das aventuras!

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    2. Na verdade a Armariolândia é um lugar bizarro e pavoroso, mas acho que a abordagem da versão pesadelo é mais aventuresca, pelo menos para mim, e se distância de um horror pessoal

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    3. Saquei, o fato é que ela pode ser abordada das duas formas e ainda sim se encaixar muito bem no cenário. No meu ponto de vista, isto é uma qualidade e não um defeito!

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